Um lugar vazio.
Um lugar tão vazio que não se vê
ninguém. Ninguém.
Sentir... Sempre da para sentir
algo mas, dessa vez, não é algo que vem de dentro, como um sentimento. Dessa
vez, é uma presença.
Um lugar escuro.
Um lugar tão escuro que não é possível
discernir as formas das mãos que taparam a boca. Que seguraram. Que apertaram e
sufocaram ao mesmo tempo. As mãos que mandaram ficar em silêncio absoluto. Por
vezes o estômago se contorceu, levando o corpo junto. Dos cantos dos olhos
correram lágrimas que molharam as tais mãos, mas não surtiram efeito algum. Resistir!
Mas resistir a que? Resistir a quem? O medo já venceu e quando isso acontece,
pensar fica difícil e agir então, não é nada consciente.
- SOC... SOCORR... SOCORRO!
POR... POR QUE... COMIGO? – As únicas palavras possíveis de se entender entre
os soluços engasgados.
O grito saiu abafado mas saiu e,
num instante muito rápido, tudo se aquietou. O instante durou tempo suficiente
para tomar fôlego e uma pequena luz aparecer. Durou tempo suficiente para ver
marcas diante dos olhos assustados e molhados. Marcas que iam de encontro ao
rosto, de encontro ao coração e ao estômago. Mais uma vez, o corpo se contorce
e cai.
A luz fica mais forte e tudo o
que fica são as marcas... Marcas trazidas até ali. Marcas criadas ali. Marcas
deixadas ali para serem recolhidas e carregadas. Sim, carregadas. Elas não
podem ser deixadas... Ignoradas ou simplesmente esquecidas.
Quando se tem muita luz, o resultado é parecido como quando não tem nenhuma: fica difícil enxergar e, por consequência, fica difícil sair do lugar mas foi preciso. Foi preciso sair dali... Correr dali... Não pergunte para onde pois essa resposta ainda não existe e quando descobrir, eu te falo.
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