domingo, 7 de abril de 2013

Um Grito Sufocado


Um lugar vazio.
Um lugar tão vazio que não se vê ninguém. Ninguém.
Sentir... Sempre da para sentir algo mas, dessa vez, não é algo que vem de dentro, como um sentimento. Dessa vez, é uma presença.

Um lugar escuro.
Um lugar tão escuro que não é possível discernir as formas das mãos que taparam a boca. Que seguraram. Que apertaram e sufocaram ao mesmo tempo. As mãos que mandaram ficar em silêncio absoluto. Por vezes o estômago se contorceu, levando o corpo junto. Dos cantos dos olhos correram lágrimas que molharam as tais mãos, mas não surtiram efeito algum. Resistir! Mas resistir a que? Resistir a quem? O medo já venceu e quando isso acontece, pensar fica difícil e agir então, não é nada consciente.

- SOC... SOCORR... SOCORRO! POR... POR QUE... COMIGO? – As únicas palavras possíveis de se entender entre os soluços engasgados.

O grito saiu abafado mas saiu e, num instante muito rápido, tudo se aquietou. O instante durou tempo suficiente para tomar fôlego e uma pequena luz aparecer. Durou tempo suficiente para ver marcas diante dos olhos assustados e molhados. Marcas que iam de encontro ao rosto, de encontro ao coração e ao estômago. Mais uma vez, o corpo se contorce e cai.

A luz fica mais forte e tudo o que fica são as marcas... Marcas trazidas até ali. Marcas criadas ali. Marcas deixadas ali para serem recolhidas e carregadas. Sim, carregadas. Elas não podem ser deixadas... Ignoradas ou simplesmente esquecidas.

Quando se tem muita luz, o resultado é parecido como quando não tem nenhuma: fica difícil enxergar e, por consequência, fica difícil sair do lugar mas foi preciso. Foi preciso sair dali... Correr dali... Não pergunte para onde pois essa resposta ainda não existe e quando descobrir, eu te falo.